O meu pós-operatório!

Olá a todos!

Tal como tinha prometido estou de volta a este meu espaço que tanto me ajudou e continua a ajudar. Como promessas são para cumprir, vou falar agora um pouco sobre o meu pós-operatório.

Para poder colocar o balão foi preciso enfrentar logo de início uma grande prova para mim: uma semana e meia a beber líquidos. Foi difícil, muito difícil. O facto de ver os outros a comer à minha volta e eu ter de ficar somente nos líquidos foi um bocado penoso. No entanto, sendo o objectivo final algo pelo qual lutei muito, fui acabando por dar a volta à situação, usando alguns truques para tornar aquele hábito menos doloroso. Comer antes do restante da família e o simples facto de beber água ou chá antes das refeições ajudaram a ultrapassar esta fase. 

No dia em que fui colocar o balão já tinha feito toda a preparação necessária e estava em jejum. Quando entrei para o quarto onde fiquei nos dias seguintes comecei a ficar com um friozinho. As horas aproximavam-se e cada vez mais nervoso ia ficando. Quando me chamaram, já no fim de estar a soro, levaram-me para o bloco operatório e lá tive uma das surpresas desse dia. Estava eu deitado na maca e pronto a pôr o balão quando de repente, apenas pela minha aparência, alguns dos responsáveis quiseram cancelar o processo. O motivo, disseram, era que eu não aparentava ter o peso registado na minha ficha. Ainda assim, depois de falar com eles e garantir que era verdade, anestesiaram-me e apaguei...


Acordei já na sala de recobro e levaram-me para o quarto. O que veio a partir daí foi mau, mas aguentou-se. Um dia inteiro sem poder beber absolutamente nada (logo quando o nosso corpo pedia para beber tudo o que conseguíssemos) e vómitos constantes de líquido gástrico, acompanhado por um cheiro intenso que se notava a cada vez que abria a boca. No entanto, nem tudo foi mau. A médica que ainda hoje me acompanha chegou para me ver e pesar. Mal me coloquei na balança ela começou a rir. Em menos de 24h tinha perdido 4kg. Claro que era impossível. Esses quilos eliminados foram o resultado da minha dieta líquida, que antecedeu a operação. Explicou-me novamente todos os passos que tinha de seguir até voltar a comer e deixou-me pensativo no quarto. 

Durante três dias os vómitos não abrandaram e, mesmo depois de poder beber líquidos novamente, mal conseguia ingerir fosse o que fosse e a sensação que tinha antes tornou-se inversa. Para terem noção, nesses dias tudo o que bebi foi 1 iogurte líquido dos pequenos e alguma água. Comecei a ficar fraco, mas à medida que o tempo passava, os vómitos foram passando e lá chegou o dia em que comecei a beber normalmente e sem dores.

A primeira semana foi de total adaptação ao balão e ao desconforto que por vezes ele dava. Sentir uma coisa a andar de um lado para o outro no nosso estômago é muito estranho e desconcertante. Não sabia o que fazer e para todo o lado que me virasse lá ia ele a bater-me não sei onde. Dormir era quase impossível pois parecia que estava deitado com uma bola que tinha vida própria dentro de mim e que se mexia cada vez que respirava.

Como podem imaginar foi uma adaptação repleta de descobertas e sensações jamais sentidas. Talvez a possa descrever como uma 'gravidez', já que deverá ser o momento mais parecido e o único a que um homem poderá estar sujeito a ter algo que se mexa dentro si.

Passada esta fase, já na primeira consulta, uma semana depois, vi a balança marcar menos 6kg. No entanto, como andava a comer demasiado pouco, mesmo para o que era de esperar, tive de fazer análises e nos resultados deu para ver que estava com anemia. Receitaram-me ferro e lá andei uns meses a toma-lo, até que comecei a ficar com sintomas secundários e tive de suspender de imediato. 

Este foi, resumidamente, o meu pós-operatório. Num próximo post falarei da redescoberta dos alimentos e no que sentimos quando ao fim de algum tempo privados deles, os voltamos a comer.

Peço desculpa pelo post longo, mas achei que não havia necessidade de dividir :)
Beijos e Abraços a todos. Continuem na luta, sempre!

3 comentários:

Beth disse...

Anselmo, acho muito importante você compartilhar essa sua experiência, de forma tão honesta, apresentando tanto as sensações boas como as desagradáveis, já que tudo nesta vida tem os dois lados. Mas é fundamental, porque muita gente se direciona para certas soluções enxergando, unicamente, um lado e não se preparando efetivamente para tudo que os processos envolvem.
Assim, você presta um serviço de grande utilidade aos que o acompanham.
Torço por você, desejo que os resultados da sua empreitada sejam aqueles esperados e merecidos e que tudo lhe saia super bem.
Beijo grande

Brian L.H. disse...

Olá, Anselmo!
Como vai a caminhada?
Alguma notícia?

Saúde!

Mari disse...

Olá também coloquei o balão há pouco mais de um mês e eliminei 10 kg. Não sofri tanto quanto você. Fiquei dois dias incomodada e pouco vomitei. Um abraço e sucesso pra nós.

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