Tal como tinha prometido estou de volta a este meu espaço que tanto me ajudou e continua a ajudar. Como promessas são para cumprir, vou falar agora um pouco sobre o meu pós-operatório.
Para poder colocar o balão foi preciso enfrentar logo de início uma grande prova para mim: uma semana e meia a beber líquidos. Foi difícil, muito difícil. O facto de ver os outros a comer à minha volta e eu ter de ficar somente nos líquidos foi um bocado penoso. No entanto, sendo o objectivo final algo pelo qual lutei muito, fui acabando por dar a volta à situação, usando alguns truques para tornar aquele hábito menos doloroso. Comer antes do restante da família e o simples facto de beber água ou chá antes das refeições ajudaram a ultrapassar esta fase.
No dia em que fui colocar o balão já tinha feito toda a preparação necessária e estava em jejum. Quando entrei para o quarto onde fiquei nos dias seguintes comecei a ficar com um friozinho. As horas aproximavam-se e cada vez mais nervoso ia ficando. Quando me chamaram, já no fim de estar a soro, levaram-me para o bloco operatório e lá tive uma das surpresas desse dia. Estava eu deitado na maca e pronto a pôr o balão quando de repente, apenas pela minha aparência, alguns dos responsáveis quiseram cancelar o processo. O motivo, disseram, era que eu não aparentava ter o peso registado na minha ficha. Ainda assim, depois de falar com eles e garantir que era verdade, anestesiaram-me e apaguei...
Acordei já na sala de recobro e levaram-me para o quarto. O que veio a partir daí foi mau, mas aguentou-se. Um dia inteiro sem poder beber absolutamente nada (logo quando o nosso corpo pedia para beber tudo o que conseguíssemos) e vómitos constantes de líquido gástrico, acompanhado por um cheiro intenso que se notava a cada vez que abria a boca. No entanto, nem tudo foi mau. A médica que ainda hoje me acompanha chegou para me ver e pesar. Mal me coloquei na balança ela começou a rir. Em menos de 24h tinha perdido 4kg. Claro que era impossível. Esses quilos eliminados foram o resultado da minha dieta líquida, que antecedeu a operação. Explicou-me novamente todos os passos que tinha de seguir até voltar a comer e deixou-me pensativo no quarto.
Durante três dias os vómitos não abrandaram e, mesmo depois de poder beber líquidos novamente, mal conseguia ingerir fosse o que fosse e a sensação que tinha antes tornou-se inversa. Para terem noção, nesses dias tudo o que bebi foi 1 iogurte líquido dos pequenos e alguma água. Comecei a ficar fraco, mas à medida que o tempo passava, os vómitos foram passando e lá chegou o dia em que comecei a beber normalmente e sem dores.
A primeira semana foi de total adaptação ao balão e ao desconforto que por vezes ele dava. Sentir uma coisa a andar de um lado para o outro no nosso estômago é muito estranho e desconcertante. Não sabia o que fazer e para todo o lado que me virasse lá ia ele a bater-me não sei onde. Dormir era quase impossível pois parecia que estava deitado com uma bola que tinha vida própria dentro de mim e que se mexia cada vez que respirava.
Como podem imaginar foi uma adaptação repleta de descobertas e sensações jamais sentidas. Talvez a possa descrever como uma 'gravidez', já que deverá ser o momento mais parecido e o único a que um homem poderá estar sujeito a ter algo que se mexa dentro si.
Passada esta fase, já na primeira consulta, uma semana depois, vi a balança marcar menos 6kg. No entanto, como andava a comer demasiado pouco, mesmo para o que era de esperar, tive de fazer análises e nos resultados deu para ver que estava com anemia. Receitaram-me ferro e lá andei uns meses a toma-lo, até que comecei a ficar com sintomas secundários e tive de suspender de imediato.
Este foi, resumidamente, o meu pós-operatório. Num próximo post falarei da redescoberta dos alimentos e no que sentimos quando ao fim de algum tempo privados deles, os voltamos a comer.
Peço desculpa pelo post longo, mas achei que não havia necessidade de dividir :)
Beijos e Abraços a todos. Continuem na luta, sempre!
3 comentários:
Anselmo, acho muito importante você compartilhar essa sua experiência, de forma tão honesta, apresentando tanto as sensações boas como as desagradáveis, já que tudo nesta vida tem os dois lados. Mas é fundamental, porque muita gente se direciona para certas soluções enxergando, unicamente, um lado e não se preparando efetivamente para tudo que os processos envolvem.
Assim, você presta um serviço de grande utilidade aos que o acompanham.
Torço por você, desejo que os resultados da sua empreitada sejam aqueles esperados e merecidos e que tudo lhe saia super bem.
Beijo grande
Olá, Anselmo!
Como vai a caminhada?
Alguma notícia?
Saúde!
Olá também coloquei o balão há pouco mais de um mês e eliminei 10 kg. Não sofri tanto quanto você. Fiquei dois dias incomodada e pouco vomitei. Um abraço e sucesso pra nós.
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